
Porém, sua vida começa a mudar quando Ruby – a menina mais descolada e popular da escola – a convida para frequentar o seu próprio grupo pessoal, onde estão todas as meninas mais bonitas, invejadas e que todos gostariam de ser amigos: Chloe, Emma e Ayesha. Ruby e seu bando é exatamente tudo que Bea não é e perceber que elas a querem próxima faz com que ela comece a ver sua vida sob outra perspectiva: e é atraente, muito atraente. Apesar de acreditar que essa nova fase pode ser divertida, Bea não consegue se transformar totalmente em uma das suas novas amigas: sair e beber muito, ser antipática com as pessoas, excluir os marginalizados, beijar qualquer garoto.
Não quero beijar garotos estranhos em quartos estranhos – discursei. – Eu quero romance. Quero ser louca por um garoto e que ele seja louco por mim também, assim, mesmo que a gente acabe cometendo um erro, ele não me abandone num piscar de olhos.
O que muda totalmente é quando é convidada para passar as férias em Málaga em com companhia das novas amigas. Poderia ser dias lindos e perfeitos na praia na Espanha, mas Bea percebe realmente que essas meninas nunca gostaram dela, que tudo que antecedeu a viagem foi apenas uma artimanha para que todas pudessem viajar e que iriam fazer a vida dela um inferno. Ou seja: caos total. Não suportando ser humilhada, Bea resolve abandonar tudo e, invés de voltar para casa, compra uma passagem para França, já que essa é a oportunidade perfeita de encontrar finalmente o pai que ela sempre quis conhecer. Ela não esperava, porém, que nessa mudança de roteiro fosse conhecer Erin, Bridge, Michael, Aaron, Jess e Toph, seis universitários americanos que estão fazendo mochilão pela Europa (guardem na memória o nome do Toph porque ele é importante!). E quando menos se espera, é quando realmente se encontra amigos.
Bea vai ter que lidar com pessoas mais velhas, quando se acha a adolescente mais sem graça do mundo, lidar com o fato de estar em outro país que não o que a sua mãe tem conhecimento para procurar pelo pai desaparecido e ter a oportunidade de vivenciar e aprender tudo que sempre quis, mas que nunca teve oportunidade. É o momento único da vida que ela não tem intenção de deixar passar.
Como eu já falei, o livro me conquistou pelas doses de realidade em suas palavras. Sarra não tentou em nenhum momento trazer situações mirabolantes ou inimagináveis, pelo contrário, é tão comum tudo que é descrito pela Bea – principalmente para tentar chegar até a França – que só traz mais veracidade aos fatos. As suas aventuras por Paris com os garotos americanos são de fazer rir, pois a Bea tem um senso de humor bem divertido com relação a tudo, inclusive a si própria.
O fato de ter que lidar com situações atípicas em um país diferente, relacionamentos, angústias, paixões, descobrimento próprio mostra amadurecimento por parte da personagem principal e é possível acompanhar seu crescimento de uma Bea sem graça que saiu da casa da mãe em direção à Espanha para uma totalmente diferente e que ela própria pensou nunca existir, e que torna fácil você gostar porque ter uma personalidade bastante cativante.
Quanto aos personagens: eles são reais, todos eles. Dividindo os personagens em antes da viagem à Espanha: é tão estranho você ler personagens que tenham a personalidade da Ruby que foi um pouco incômodo; primeiramente porque eu apenas me afasto de pessoas como ela; segundo que como isso acontece, eu me sentia como se ela estivesse lendo o livro comigo e foi estranho. O pior é saber que realmente existem este tipo de pessoa no mundo. As avós são fofas e divertidas <3. Quanto à mãe: eu me senti presa pela própria Bea e fiquei feliz quando ela tomou a decisão de não voltar para a casa. Depois da viagem à Espanha: os amigos americanos são muito legais e divertidos, apesar de uns aparecerem mais do que os outros e o Toph ter destaque. Eles me fizeram querer ir para na Espanha/França para encontra-los.
É um livro jovem adulto que cumpre muito bem o seu papel. Li em algumas resenhas as pessoas falando que o livro não traz profundas reflexões, mas acredito que isso pode acontecer de leitor para leitor. Eu me identifiquei bastante com a Bea por ter passado por algo parecido. Pode não ser o melhor exemplo, ok. Mas todo o processo da situação da protagonista x em relação ao pai x em relação a mãe que não fala nada traz questionamentos interessantes para a narrativa. O final do desfecho me surpreendeu em algumas partes e em outras, apesar de achar extramamente clichê, casou bem dentro da proposta da autora.
É um livro fofo, muito bem escrito, com encaixes de palavras divertidas que deixa o enredo ainda mais atrativo, além de todos os elementos que já consta: viagem, Espanha, França, sozinha, amizades novas, desbravar a cidade, fotos… A editora fez uma diagramação que combina bastante com o livro todo, então, é apenas para apreciar e se divertir bastante. Leitura para entreter totalmente aprovada.